No último domingo (3), o clima político no Brasil voltou a esquentar, e não foi pouco. As manifestações organizadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo e no Rio de Janeiro deixaram claro que a tensão entre os Três Poderes — especialmente entre o bolsonarismo e o Supremo Tribunal Federal (STF) — está longe de esfriar. A disputa parece ganhar novos capítulos sempre que o nome de Alexandre de Moraes entra em cena.
Apesar do discurso oficial de que os atos seriam pacíficos, defendendo liberdade e pedindo anistia pros envolvidos na invasão do dia 8 de janeiro de 2023, muita gente aproveitou o espaço pra bater forte no Judiciário. O ministro Alexandre de Moraes, aliás, foi o principal alvo das críticas. Não é de hoje que ele e Bolsonaro vivem em rota de colisão.
Mesmo com uma série de restrições impostas pelo STF — como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de frequentar eventos públicos nos fins de semana ou de usar redes sociais — Bolsonaro deu seu jeito de marcar presença. Não foi pessoalmente, claro, mas falou com os manifestantes por meio de áudios e até chamadas de vídeo. Quem transmitiu as mensagens foi gente do círculo mais próximo, como o senador Flávio Bolsonaro, seu filho.
Essas aparições “indiretas” levantaram um monte de dúvidas: será que isso viola as regras determinadas pela Justiça? Muita gente acredita que sim. Até porque o conteúdo das mensagens foi amplamente divulgado nas redes sociais durante os protestos, mas depois — curiosamente — tudo foi apagado. Analistas políticos dizem que foi uma jogada pra evitar punições mais severas.
As regras que estão valendo hoje pro ex-presidente são bem específicas. Ele não pode participar de eventos públicos nos fins de semana, tem que usar tornozeleira eletrônica e, o mais importante: está proibido de usar redes sociais, seja de forma direta ou por meio de outras pessoas. E aí que a coisa pega. Porque, ao enviar mensagens que foram lidas e exibidas em vídeo nos atos, Bolsonaro pode ter cruzado a linha. Mesmo sem segurar o microfone, suas palavras chegaram à multidão — e isso pode ser interpretado como quebra de ordem judicial.
É importante lembrar que o ministro Moraes já vinha apertando o cerco em cima do ex-presidente desde os episódios de 8 de janeiro, quando golpistas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Desde então, Bolsonaro virou alvo de várias investigações, tanto por incentivo às manifestações violentas quanto por suposto plano de golpe de Estado.
Agora, com essa “participação remota” nos atos de domingo, o ex-presidente volta ao centro da polêmica. E, pra variar, tudo indica que o STF não vai deixar passar batido. A oposição, por outro lado, trata os protestos como legítimos e acusa o Supremo de perseguição política.
Enquanto isso, o Brasil segue dividido. De um lado, quem vê nas manifestações um grito por liberdade e justiça. Do outro, quem enxerga nelas um desafio aberto às instituições democráticas. E no meio disso tudo, Bolsonaro tenta manter sua base mobilizada, mesmo com as limitações legais. Mas até onde ele vai conseguir driblar a Justiça sem pagar o preço?
O fato é que a tensão entre bolsonaristas e o STF não dá sinais de trégua. E, com as eleições municipais se aproximando, o ambiente tende a ficar ainda mais inflamado. Os próximos capítulos prometem ser intensos — e imprevisíveis.