Nos últimos dias, o cenário político brasileiro voltou a esquentar por conta de uma decisão vinda direto do Supremo Tribunal Federal. O ministro Alexandre de Moraes, figura que já virou quase um personagem fixo dos noticiários, resolveu bater o martelo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando que ele descumpriu as medidas cautelares que vinham sendo impostas. Mas o que pegou mesmo foi o motivo: o uso das redes sociais… dos filhos.
A brecha digital
Moraes disse que Bolsonaro estaria usando os perfis de seus três filhos parlamentares pra continuar divulgando conteúdos considerados “incitadores” contra o STF e a favor de uma suposta intervenção internacional no Judiciário. A leitura do ministro foi de que o ex-presidente, mesmo sem usar suas contas pessoais, estaria influenciando e coordenando a movimentação online — o que, segundo ele, seria uma forma de burlar, de propósito, as restrições que já tavam valendo.
E agora? Prisão domiciliar
Como resposta a essa suposta violação, Moraes decidiu que Bolsonaro deveria cumprir prisão domiciliar. Nada de cadeia comum ou Papuda — o ex-presidente vai ficar em casa, mas com várias condições:
- Tornozeleira eletrônica;
- Sem receber visitas (só parentes próximos e advogados);
- Celulares recolhidos do local.
A ideia é cortar qualquer chance de ele continuar atuando politicamente pelas redes, mesmo que de forma indireta. Essa parte é importante porque, convenhamos, o uso estratégico da internet tem sido o grande trunfo do bolsonarismo desde 2018.
O pano de fundo
O ministro ainda ressaltou que Bolsonaro vem desrespeitando as regras há algum tempo. Lembrou, inclusive, que o ex-presidente teria produzido material proposital pra ser postado por terceiros, o que reforça essa influência digital que ele ainda exerce, mesmo estando teoricamente fora de cena.
Aliás, esse ponto abre um debate que vai muito além do caso Bolsonaro: até que ponto é possível restringir a comunicação de alguém no mundo digital sem esbarrar na tal da liberdade de expressão? É uma linha bem tênue.
O povo na rua
No domingo, várias cidades brasileiras registraram manifestações pró-Bolsonaro. Em Copacabana, no Rio, teve uma movimentação grande, com direito a cartazes pedindo “anistia já” e palavras de ordem em defesa da liberdade. Quem puxou o bonde por lá foi o senador Flávio Bolsonaro — sim, o filho.
Numa cena que rendeu nas redes, Flávio colocou o pai no viva-voz pra falar com os apoiadores:
“Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”, disse Bolsonaro, direto do seu endereço de prisão domiciliar. Mas o post sumiu rapidinho, apagado pouco tempo depois.
A pergunta que fica
Essa interação breve, mas simbólica, reacendeu dúvidas sobre a eficácia das medidas impostas. Afinal, se ele ainda consegue mandar recado pra multidão mesmo preso em casa, será que as restrições estão funcionando mesmo? E mais: será que ele vai continuar tentando contornar a Justiça com a ajuda dos filhos e aliados?
De um lado, Moraes tenta conter a atuação digital do ex-presidente com medidas rígidas. Do outro, Bolsonaro parece encontrar jeitos (criativos ou arriscados) de continuar presente na vida política do país.
O jogo segue em campo. E o Brasil, mais uma vez, vira palco dessa disputa entre Judiciário e bolsonarismo — com o povo, como sempre, assistindo, opinando, protestando ou só tentando entender no que isso tudo vai dar.