O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a passar por um daqueles episódios desconfortáveis de soluço, daqueles que não são só irritantes, mas preocupam de verdade. Isso aconteceu na quarta-feira (30), em meio à recuperação de uma cirurgia que ele fez em abril. E pra complicar ainda mais a situação, o problema veio logo depois do início do uso da tornozeleira eletrônica, determinada pela Justiça, que tem deixado o clima meio tenso no entorno dele.
Pessoas próximas contaram que os soluços estavam tão fortes que ele mal conseguia conversar direito. Não foi aquela coisinha de “solucei e passou”, não. Era contínuo, pesado. Mesmo assim, contrariando recomendações médicas, Bolsonaro foi visto participando de uma motociata — daquelas que ele costuma fazer pra manter contato com apoiadores. Apesar do aparente bom humor na ocasião, membros da equipe dele ficaram com a pulga atrás da orelha. O medo é que esse comportamento agrave ainda mais a saúde dele, que já inspira cuidados.
Crise repetida
Essa não é a primeira vez que ele enfrenta esse tipo de sintoma. Quem acompanha os noticiários com frequência talvez lembre que em junho, durante uma entrevista ao vivo, ele mesmo chegou a comentar o assunto com um certo tom de brincadeira, dizendo: “Tô soluçando aqui. Pessoal deve estar percebendo.” Só que o quadro naquele dia não era leve. Ele teria vomitado várias vezes e precisou cancelar compromissos depois disso.
O médico Cláudio Birolini, que vem acompanhando Bolsonaro, acredita que os sintomas tenham relação com a alimentação. Segundo ele, o ex-presidente deveria manter uma dieta mais leve, evitar determinados alimentos e pegar mais leve nas atividades físicas. Mas, ao que tudo indica, Bolsonaro tem dificuldade em seguir à risca essas orientações. A agenda pública segue firme, como se nada tivesse acontecido.
Problemas que não são só físicos
Pra quem observa de fora, o cenário é de tensão constante. O uso da tornozeleira eletrônica é um símbolo forte da situação política que Bolsonaro vive hoje — e isso, claro, pode ter impacto emocional também. Afinal, não dá pra separar totalmente corpo e mente, ainda mais quando se trata de uma figura tão exposta quanto ele. Tem gente no entorno dele que acredita que o estresse, o cansaço acumulado e a pressão do momento político podem estar contribuindo pras crises.
Aliás, vale lembrar que essa fase complicada não é só de saúde. Bolsonaro vem enfrentando uma série de investigações, e o cerco jurídico está cada vez mais apertado. O uso da tornozeleira foi imposto por conta das investigações ligadas ao caso das joias sauditas, entre outros rolos. Isso tem abalado a imagem que ele tenta manter de força e resistência, principalmente diante da sua base mais fiel.
Mesmo assim, o ex-presidente parece querer mostrar que está firme. A participação nas motociatas e nos eventos públicos, mesmo com dores ou desconfortos, parece ser uma tentativa de passar a mensagem de que “tá tudo bem”. Mas, nos bastidores, há quem diga que o desgaste já começa a aparecer com mais nitidez.
Seja por vaidade, pressão política ou teimosia mesmo, Bolsonaro ainda reluta em adotar um estilo de vida mais reservado, ao menos até sua saúde estabilizar. Mas uma coisa é certa: as crises de soluço, ainda que pareçam inofensivas, podem ser sinal de algo mais sério — e não dá pra continuar ignorando.