A Alcione não tem papas na língua, e quem conhece a cantora sabe bem disso. Num sábado de manhã, enquanto participava do programa É de Casa, da Globo, ela resolveu mandar um recado direto — e bem afiado — pro ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. E olha… foi daquele jeito que só a Marrom sabe fazer: sem rodeios, com pitada de humor e um toque de indignação. Tudo por causa das tarifas que os americanos resolveram aplicar sobre produtos brasileiros.
Logo de cara, com aquele jeitão espontâneo, ela brincou no ar: “Tá saindo o som aí?”. O público riu, os apresentadores também, e foi aí que ela soltou o verbo: disse que Trump tinha que parar de se meter nos assuntos do Brasil. E mais — em tom de brincadeira, claro — ameaçou fazer uma “macumbinha” pro ex-presidente americano. A frase, recheada de humor e referência às tradições afro-brasileiras, repercutiu forte nas redes. Muita gente levou na esportiva, outros aproveitaram pra abrir debate mais sério sobre o tema.
A verdade é que as tais tarifas de 50% nos produtos brasileiros pegaram mal. Trump, que já não é lá muito diplomático, resolveu anunciar a medida como uma forma de proteger a economia americana. Mas aqui no Brasil, o efeito foi outro: gerou um mal-estar político e econômico. E o mais curioso é que, embora os EUA não sejam mais o principal parceiro comercial do Brasil — esse posto hoje é da China —, o país ainda representa um importante destino pra exportações e investimentos, principalmente no setor industrial.
Quem também entrou nessa conversa foi o vice-presidente Geraldo Alckmin. Em entrevista ao Mais Você, da Ana Maria Braga, ele comentou que essas tarifas pesam — e muito — pro Brasil. Segundo ele, essa sobretaxa pode acabar desestimulando negócios com os americanos. “Os Estados Unidos são o principal investidor estrangeiro no Brasil”, afirmou Alckmin, fazendo questão de lembrar que, apesar das diferenças políticas, a relação econômica entre os dois países é estratégica.
A fala de Alcione, no entanto, foi o que mais repercutiu. Enquanto Alckmin foi técnico, ela foi no coração. Com aquele jeito irreverente que a consagrou, trouxe o tema pro debate de um jeito que poucas figuras públicas conseguem. Não é de hoje que a cantora usa sua visibilidade pra levantar bandeiras e provocar reflexões. Dessa vez, misturou crítica política, humor e um pouco de superstição — o que deu um tempero bem brasileiro à história.
As reações nas redes foram imediatas. Teve gente aplaudindo de pé, outros criticando o uso da palavra “macumba”, e claro, sempre aparece um ou outro tentando politizar tudo. Mas o ponto é que ela conseguiu botar o assunto na boca do povo. E isso, convenhamos, é algo que falta no noticiário: gente que fale a língua do povo.
Agora, com a tal tarifa entrando em vigor em agosto, a preocupação é com o impacto real disso na economia. Exportadores já estão revendo contratos, e especialistas apontam que os consumidores americanos também podem sair perdendo, com aumento de preços em alguns produtos. O argumento de Trump é que tudo isso protege os empregos americanos, mas críticos alegam que é uma visão míope, que pode sair pela culatra.
No fim das contas, Alcione, do alto da sua autoridade cultural, fez mais do que brincar com um tema sério: ela colocou luz numa questão que, às vezes, fica restrita aos gabinetes. E fez isso sendo ela mesma — autêntica, direta, e do povo.