Durante um evento em Minas Gerais nessa quinta-feira (24), o presidente Lula (PT) resolveu dar aquela cutucada no seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Com um discurso inflamado, Lula chamou Bolsonaro de “fujão” e ainda disse que ele “se borrou todo” depois de perder as eleições de 2022. A fala aconteceu na cerimônia de anúncio de novos investimentos em educação voltada para comunidades indígenas e quilombolas, dentro do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Mas o petista não parou por aí. Sobrou até para o filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tá nos Estados Unidos desde fevereiro. Segundo Lula, Eduardo estaria tentando articular com o governo norte-americano sanções contra autoridades brasileiras. Tem gente no próprio Centrão e também entre empresários que vê com maus olhos essa movimentação, dizendo que foi justamente isso que contribuiu praquela tarifa de 50% que os EUA impuseram sobre produtos brasileiros. Isso, claro, durante o governo Trump, que tem amizade declarada com a família Bolsonaro.
“Esse filho do Bolsonaro, do fujão… Nem sei como que aquele cara conseguiu virar tenente do Exército. O pai dele perdeu a eleição, ficou trancado em casa chorando, tentando impedir a posse do Lula, e ainda por cima planejou um golpe. A polícia descobriu tudo, investigou, eles mesmos se entregaram. E se a Justiça fizer o que tem que fazer, ele vai pro xilindró sim senhor”, soltou Lula, visivelmente irritado.
Vale lembrar, porém, que Bolsonaro não foi tenente, como disse Lula, mas sim capitão do Exército. Um detalhe que passou batido no meio do calor da fala.
O presidente também reforçou que não se esconde e que, ao contrário de Bolsonaro, que “fugiu como rato”, ele enfrentou as acusações da Lava Jato de frente. “Quando inventaram um monte de mentira sobre mim, invadiram as casas dos meus filhos, reviraram tudo e não acharam nada. Mesmo assim me prenderam. Teve gente que sugeriu: vai embora do Brasil, vai pedir asilo em embaixada. Mas eu disse: ‘quem sobreviveu comendo farinha com água até os cinco anos, não foge não. Eu vou é provar minha inocência’”, contou Lula, arrancando aplausos da plateia.
O discurso de Lula tem sido cada vez mais direto, numa tentativa de desmoralizar Bolsonaro e, ao mesmo tempo, reconquistar popularidade. A verdade é que, depois de umas quedas nos números, pesquisas mais recentes mostram uma leve melhora na avaliação do governo, principalmente após a campanha pelo que chamam de “justiça tributária” e pelas críticas contra a taxação norte-americana.
Na parte final da fala, Lula ainda fez questão de lembrar que Bolsonaro hoje tá sob medidas cautelares do STF: uso de tornozeleira eletrônica, sem redes sociais, com restrições de saída à noite, nos fins de semana e feriados. Tudo isso imposto pelo ministro Alexandre de Moraes, justamente pra evitar uma possível fuga do ex-presidente.
Se tem uma coisa que não dá pra negar é que Lula tem apostado cada vez mais nesse embate direto com Bolsonaro, tanto como estratégia política quanto como forma de reforçar seu próprio legado. O clima político segue quente, e até parece que a eleição de 2026 já começou — pelo menos no discurso.